23.11.18

Paleontografia

Do resmungão muro
já não caiado
embotado pelas tatuagens que o afeiam
vociferam os palpites sem quarentena.

É o úbere da indecência
o manjar que repugna os retos
o saldo das prebendas
o sal cristalizado no pensamento em síntese.
Talvez as peugadas
sejam um achado sem freio
vertigem hasteada nas asas dos meãos
as horas ímpares dos incansáveis cultores.
Se ao menos houvesse 
a contradição
e do avesso sobejassem palavras hirtas
talvez os ultrajados
se reconciliassem com a indecência
e os prados desertos se enchessem de vestígios:
radiografias fossilizadas em esbatidas leiras.

As indecências perderiam a aura de indecência.

Ninguém o aceita o desiderato:
nem os decentes
(que perderiam a bússola de um combate,
habituados que estão 
a ser contra até o contra)
nem os indecentes
(que desprezariam 
a normalização da indecência).
É por isso
que a paleontologia se estabeleceu.

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