Uma
barragem de fogo de artifício.
A
barba rala e ruiva do pescador.
A
fanfarra no ensaio, alheia à rua.
A
bandeira vermelha avisa o mar impossível.
Um
tiro de estopeta, ao longe.
Um
homem de saias (deve ser escocês).
A
árvore que desabrocha, temperando a luz.
Um
livro deixado no banco do jardim.
O
pescador da barba ruiva apanha o livro.
O
livro tem imagens de pescas antigas.
O
pescador folheia um livro, coisa rara.
Uma
velha vestida de negro olha, desconfiada.
Um
cão perdido erra pelas ruas, faminto.
O
jornal traz na capa notícia jubilosa.
O
tiranete continua na prisão, e está doente.
No
banco transacionam-se cheques pré-datados.
O
condutor de táxi ouve música ruidosa.
Uma
noiva entusiasmada lança o bouquet.
O
mar tempestuoso é testemunha.
O
marinheiro da barba ruiva embarca.
Leva
o livro na bagagem.
O
comandante solta três foguetes.
Os
outros marinheiros olham-no de través.
As
flores deitadas pela noiva perdem-se no mar.
Vão
agarradas ao casco do navio.
Foram
comidas por uma barracuda.
Que
se saiba, a barracuda não desposou.
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