27.6.16

Periscópio

Os segredos mordem com dentadura de sal
em passando doidivanas crianças na praia.
Segue-se um hiato temperado
o caldo fervente com as letras amputadas.
De hoje para amanhã,
quando soluçarem as viúvas eternas
e os desamparados da rua recolherem víveres,
os segredos possam evocar grandezas fátuas
memórias abrilhantadas
com a inutilidade da história
e histriónicos penhores da dita
que nunca dela se esquecem
e juram que o oráculo dourado está na história.
Dando de barato as futilidades dos presunçosos
e os frutos sem polpa recolhidos das árvores
dê-se-lhes um periscópio com lente límpida;
pode ser que tirem partido do tempo que há
e parem de defumar o pretérito
em ladainhas insulsas.
O periscópio:
ferramenta que deslaça as traves dos segredos
em levitações perfunctórias.

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