16.6.16

Sonho ermo

Havia um sonho com textura
numa paisagem amarela,
entrava pela janela sem aviso.
Preenchia as dúvidas, o sonho:
era contraditório
às vezes, sombrio sem ser medonho
às vezes, propedêutico sem ser hesitante
às vezes, madraço sem cruzar os braços
outras vezes,
neófito sem curar da originalidade.
O sonho persistente
teimoso
vestindo o corpo de suor
emprestando agitação ao sono
uma pletora de opostos.
Afinal de contas
sonho em plena reprodução do tangível
outra pletora,
a das antinomias sem serem inversos.
E o sonho teimou e teimou
noites e noites sem conta
até que se confundiu com o tangível.

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