Ah,
os zeladores da moral
heróis
de gesta como só ela há!
Passeiam
superioridade moral
honrando
os demais com lições gratuitas
–
para aprendermos
a
ser gente de melhor jaez,
assim
à sua medida.
Eu,
anti-herói inato,
incorrigível
dissidente de coisas destas,
confesso:
a
maldade insubmissa;
as
muitas drogas que consumo;
a
promiscuidade irredutível;
o
desamor que semeio;
os
pobres que olimpicamente ignoro;
os
animais que maltratei;
o
hedonismo poltrão;
a
ira sem remédio.
Daqui
me ofereço
à
lapidação dos arautos da bafienta moral
(moral
pior do que a das sacristias,
por
se esconder em sotaina canhestra)
em
extático desejo de ser apedrejado
pelo
deleite da antítese
da
moral por eles sopesada.
(Não
sou eu, mas podia sê-lo.
Sem
aceitar os libelos
dos
vigilantes desta,
ou
de qualquer outra,
moral.)
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