17.11.17

Ninguém

Ninguém
adivinha o nome da morte.
Ninguém
confia no melancólico sonhar.
Ninguém
desiste da manhã esperada.
Ninguém
se devolve à indiferença.
Ninguém
enlouquece nas fráguas frias.
Ninguém
atiça o arrependimento.
Ninguém
perde ao jogo do medo.
Ninguém
se despe no tirocínio das almas.
Ninguém
acorda nos termos ostensivos do desacordo.
Ninguém
se empresta ao vazio.
Ninguém
se promete no penhor da escuridão.
Ninguém
toma o veneno desalfandegado.
Ninguém
estima a pura maldade.
Ninguém
combina com os demónios avulsos.
Ninguém
contemporiza o desdém.
Ninguém
desaproveita o ouro entre os dedos.
Ninguém
esquece o vento.
Ninguém
se encomenda ao desespero.
Ninguém
se eleva no dorso de um precipício.
Ninguém
desaprende os rudimentos de si.
Ninguém
acaba por ser ninguém.

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