3.11.17

Um rosto

Espero do rosto visível
o cais aberto
regaço
a coreografia desordenada
os poemas insolentes
a imersão catártica
um chapéu contra a atmosfera
uma incubadora sarcástica
os braços futuros
o furto da minha alma,
consentido
heurístico.

As obras serviçais
desenganam os provectos ascetas
lendo no tempo atávico
os tronos arruinados
que foram seus.
E o que interessa
saber das cinzas levantadas pelo vento
das rochas tomadas pelo limo
das miseráveis que não dormem
das nuvens lisas tomando conta do sol
ou do sol não exuberante
do sol timorato
servil?
Os dentes amparam o frio
fortaleza sediciosa
no desamparo das viúvas sem lágrimas.

No fim das provações
é sempre o rosto soerguido
o mastro centrípeto
esteio de tudo.
Um rosto.

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