20.11.17

Declive

Eis o descritivo do instante:
a árvore sentada na boca do amanhã
em sucessivos tossicares envergonhados
dando mangas à tinta permanente
e espaço a páginas dantes encerradas.

Assobia
o velho cabisbaixo
contra a habitual, ausente sorte:
“se ao menos tudo fosse diferente”
repete,
em oratória cabalística
à espera do tempo benigno.

As rentes mãos lavam os pesares
impedem as perfeitas cicatrizes
no pano gasto das purificadas asneiras.

Não há de ser grande a demora:
pergunte-se à manhã
(a uma qualquer manhã)
se tem palavras que cheguem
para contar os beijos que faltam.

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