A formidável orquestração da alma
no irrisório lustro do oblívio
onde tudo foram nuvens
e o cimento cobriu o mapa,
tirando a raiz às paisagens.
Ouviam-se os gemidos sem rosto
e não havia reses por perto
nem o sumo de limões azedos
se vertia por cima das feridas abertas;
por junto
o horizonte desimpedido
as linhas simétricas
onde assentam as exclamações
de tanta beleza reunida nas intenções
a prolixa invenção do desmedo
que sangra em vez do suor,
o lado lunar
a renovação.
Houvesse a coragem para a tribuna
em vez do esconderijo timorato
e os corpos seriam imperadores
em sua desinibição
recusadas as arcaicas cancelas
que os esbulham de autenticidade.
Os verbos plúmbeos
atirados contra a pele desembaciada
deixaram de ser injúrias sibilinas:
esses mesmos verbos
operam-se na antítese
ao valerem mais do que são.
Visitam-se as catedrais esquecidas
no bolso da memória.
Envidraçados
os seus salões
perfumam os corpos
extraindo à força
a sua repulsiva contrafação.
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