O jogo sem calendário:
ausentes espíritos,
como que almas desmaterializadas,
os contendores rivalizam
no amparo da sorte,
desdizendo capacidades,
entregues ao ópio do acaso.
Escondem o jogo:
viabilizam ardis,
na soez ufania dos ardis,
contabilizam os ganhos
no avesso dos rivais
desejam-se iracundos azares:
outra vez
sofismando a confissão das incapacidades.
O jogo não tem regras:
fazem-se e desafazem-se
no reto direito dos poderosos
os que por entorse
a si chamam o império;
até que destronados sejam
por opoentes,
tão irrisoriamente fátuos quanto eles,
e tomem as rédeas das regras
só à espera que voltem a ser
morta letra.
O jogo inviável:
quem protestou a obrigatória demanda
a ferocidade dos passos artilhados
as armadilhas bajuladas
o imprestável sargaço deixado em restolho
a raça dos amestrados pela obnóxia descausa
impassíveis pela consumição do outro
por o outro
não saber da inversão de estatutos
no passaporte escancarado à inumana interação
desarticulando-se
no vómito que os incinera pelas entranhas?
Para jogos destes
antes
a apostasia do lúdico.
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