7.9.20

Teoria geral da (fraca) poupança

O pé-de-meia

devia ser proibido;

digo:

a expressão idiomática,

lavrada 

sabe-se lá 

se pelo povo

ou por eruditos cobertos de sapiência,

devia ser exilada,

para os mais novos

(e os mais velhos,

mas apenas os contumazes)

não caírem num logro semântico:

como pode 

o significado de pé-de-meia

conter a ideia de entesouramento

se pouco é o pecúlio que cabe

num excerto tão abreviado

de um par de meias

(é só metade do par,

e nem na sua exata fração,

que apenas o pé da meia 

serve para o aforro)?

 

(Termos em que 

um perito de economia

diria 

ufano de sua descoberta,

que a reduzida propensão para a poupança 

– opróbrio desta nação –

tem fundas raízes

numa entorse da semântica.)

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