O pé-de-meia
devia ser proibido;
digo:
a expressão idiomática,
lavrada
sabe-se lá
se pelo povo
ou por eruditos cobertos de sapiência,
devia ser exilada,
para os mais novos
(e os mais velhos,
mas apenas os contumazes)
não caírem num logro semântico:
como pode
o significado de pé-de-meia
conter a ideia de entesouramento
se pouco é o pecúlio que cabe
num excerto tão abreviado
de um par de meias
(é só metade do par,
e nem na sua exata fração,
que apenas o pé da meia
serve para o aforro)?
(Termos em que
um perito de economia
diria
ufano de sua descoberta,
que a reduzida propensão para a poupança
– opróbrio desta nação –
tem fundas raízes
numa entorse da semântica.)
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