As ruas estilhaçam o sol tardio.
Amparadas na desesperança
as pessoas avançam contra o dia soturno.
Não esperam por nada.
Caladas
esgotam o chão parado
onde esperam pelo autocarro
antes que seja dia de trabalho
(antes
que seja a vez
de a rotina ter voz).
Se fosse pela noite marítima
crepuscular
impávida se iluminada pelo farol da barra
as mentiras escondiam-se de si mesmas.
Antes fosse um lugar preso ao mar
sem as amarras da terra.
Antes fossem as horas
o ponto cardeal vertiginoso
a faca madura que raspa todas as cicatrizes
deixando o mapa sem arestas.
Noturna-se a fala
no vértice diametral do medo.
As horas não são uma vertigem:
vagarosas
parecem arrastar o passado
colonizando todo o tempo
que as mãos conhecem.
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