Não sou de escrever as memórias.
Não sei descrever as memórias.
Não sei do paradeiro do passado.
Mas sei-me presente
no tempo que é presente,
a menos que o fingimento
seja a luva que cobre a minha mão.
Não olho nos interstícios do devir.
Não sei calcular o tempo
que não conheço.
Não sei quantas sílabas tem o amanhã
ou se vem tingido e de que cor.
Não sei da linhagem dos versos
que notificam o futuro.
Não saberia
sequer
imaginar as memórias do porvir
por mais mnemónicas que calhasse na maré.
Espero em espera
com a paciência desembainhada
recebendo com hospitalidade
a silhueta do tempo andante.
As memórias
são a confirmação
de uma ausência.
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