Por defeito
os palácios enganam os verbos
perdidas as algemas que eram seu
silêncio.
Na argamassa do mundo fátuo
alquimistas venerandos exibem
o elixir da quarta idade.
Os outros
desconfiam de tanta decadência
e perguntam
se podem perguntar
pelas perguntas que investem
a sabedoria.
Nas águas-furtadas,
a pátria do exílio voluntário,
o olhar perde-se onde a sepultura do rio
se mistura com o horizonte.
Poemas potenciais
iluminam a candidatura a vate,
por mais que essa não seja almejada
condição.
As janelas deixam entrar
o ar carregado de calor de agosto.
Maldita a hora
em que ordenou a filiação das janelas:
os pensamentos adormeceram
sob as pálpebras contumazes
e já não sobram palavras para completar
o poema potencial.
Sem comentários:
Enviar um comentário