O largo ensejo de parecer estátua
devolve ao aço fundido a vontade anestesiada.
Por fora dos pesares
onde os verbos da angústia foram destronados
só a névoa estremunhada
que não atraiçoa as palavras.
E se os dedos trémulos os versos não curarem
atirem-se os medos ao pelotão de fuzilamento
encardidos pelos vetustos embaixadores
que falam com a cara do avesso.
Sortes as várias noites sem ouvir o vento
e no pecúlio dos sonhos
em matéria incandescente
as folhas caídas
no inventário das imagens colhidas
em vez da metamorfose à força
em vez
do desamparo a caminho da solidão.
Arrumadas as intransigências
ao ouvido soam tiranas que colonizam as mãos
ou as mães que partiram sem saírem do lugar
mas da sua ausência sobram cinzas avulsas
espalhadas pelo chão paredes-meias
com as folhas vertidas pelo Outono.
Ao demais
sufrago as armas depostas
a fidúcia toda empenhada no sangue
que ensina as veias
o martelo pneumático
que semeia o ruído mecânico
em quem
com as costas viradas do avesso
no absurdo equívoco
desafia os mastins generosamente armados.
Sem comentários:
Enviar um comentário