25.11.24

Banda desdenhada

As máscaras

caem como neve fundente

sobre homens feitos estátuas.

 

As máscaras

quando não fogem da mentira

sussurram memórias provectas

um mar insidioso de disfarces

pois essa é a serventia das máscaras.

 

Antes que venham os ontem 

cair no estuário

e que viúvos sem paradeiro 

esbracejem o frio tentacular

o gelo deita-se entre as rugas

à espera 

que tudo seja um ontem sem janela.

 

Encomendam-se as falas imprevistas

para passarem a ser previstas:

os homens não são feitos de fogo

e entre as labaredas herdadas

situa-se 

um promontório em forma de sonho

a boca havida no friso da noite

a portentosa solidão que ficou só

amanhã

com as lombadas viradas do avesso

a biblioteca nómada que se faz festim

a cada lua que passa entre a chuva diuturna.

 

Dizem:

os poetas são funcionários sem hierarquia

amotinados se tiverem regras

nómadas 

fugindo dos estreitos labirintos

onde a palavra se diminui 

no lugar-comum.

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