19.11.24

Manifesto-me

Não devo nada 

aos segredos que se agigantam

nos oráculos. 

 

Não peço à cordilheira

o xisto para atapetar

a alma. 

 

Não escondo

das pátrias em lacunas

hinos averbados na humildade. 

 

Não me escondo

do olhar contrafeito

e das palavras ensombradas 

por bocas extintas. 

 

Não dou posse

aos estafetas de dionisíacos cantos

nem apalavro a honra

de sereias avulsas. 

 

Não estilhaço

o rumor que sobe às montanhas

contra os provérbios arrancados

ao silêncio. 

 

Não contem comigo

para caldeiradas de indigentes

e cocktails de aspirantes. 

 

Não me façam dizer mal

das facas estultas que voejam

nós labirintos. 

 

Não me façam rir

se os obituários enxameiam a lógica

e as janelas não confirmam

o entardecer. 

 

Não me façam ser

um disfarce da última moda

o porta-voz dos lugares-comuns

atravessado nos carris 

da boçalidade.

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