A torre
bebe do céu
a lua sem luto.
O gato
espreguiça a noite
no vendaval sem hora.
A flor
despojada no rio
espera sem vão pela sepultura.
Os vivos
combinam um festim
quando sobem à enseada da vida.
Aninhados
sem disfarçarem a pequenez
os histriónicos porta-vozes entoam silêncios.
Uma ponte
esquecida na bruma
arruma a solidão na berma.
No epílogo
o rio cresce
como se à noite fosse roubado.
Diz da matéria
a fundura atribulada
um relógio pardo à boca erguido.
O louco
fugido aos costumes
conjuga verbos sem dicionário.
O gelo
deixado em herança
espreita sobre o ombro do Inverno.
Anuído o rumor
as estrofes aplaudem a claridade
no santuário onde se fazem rebeldes.
O fogo furtivo
antes que seja água
engana o vento esguio.
Amanhã
as lágrimas extintas
ateiam o dia esperado.
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