21.11.24

A torre 

bebe do céu

a lua sem luto. 

 

O gato

espreguiça a noite

no vendaval sem hora. 

 

A flor

despojada no rio

espera sem vão pela sepultura. 

 

Os vivos

combinam um festim

quando sobem à enseada da vida. 

 

Aninhados

sem disfarçarem a pequenez

os histriónicos porta-vozes entoam silêncios. 

 

Uma ponte 

esquecida na bruma

arruma a solidão na berma. 

 

No epílogo

o rio cresce

como se à noite fosse roubado. 

 

Diz da matéria

a fundura atribulada

um relógio pardo à boca erguido. 

 

O louco

fugido aos costumes

conjuga verbos sem dicionário. 

 

O gelo

deixado em herança

espreita sobre o ombro do Inverno. 

 

Anuído o rumor

as estrofes aplaudem a claridade

no santuário onde se fazem rebeldes.

 

O fogo furtivo

antes que seja água

engana o vento esguio. 

 

Amanhã

as lágrimas extintas

ateiam o dia esperado.

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