Aos arquitetos
do mundo
o papel
selado
a vontade franqueada
aos ventos
por eles domados.
Porventura
confia-se
nos arquitetos
em desrazão
de seus predicados.
As pessoas
não se perguntam
apenas confiam
cegamente.
Nos compêndios
instrução a
condizer:
quando ensinam
a confiar
não se incomoda
a confiança
nem o
tutor que assim ensina.
E seguimos
pelas veredas falsamente belas
ordeiramente
acriticamente
paradamente
nas arcadas
das letras não duvidadas
pois são
pungentes as dores
quando à
confiança se tira o chão exigido.
Alguém questionou
os arquitetos
alguém
alguma vez
percorreu
as páginas dos seus pergaminhos?
Acreditemos
nos arquitetos
porque nos
dizem que sim
apenas porque
sim.
Acreditemos.
Como podíamos
acreditar
num louco fermentando
saliva
(talvez melhor
critério de confiança)
num
drogado sem remédio
numa
meretriz fria
num edil
corrompido
numa
barata-tonta das revistas sociais
no anónimo
padeiro
(que
cozinhou o pão do pequeno-almoço)
em viúvas
melancólicas
em druidas
disfarçados de carpinteiros
em
farsantes noctívagos
ou em toda
a gente
na
confiança em democrático golpe
para ninguém
se tomar pela exclusão.
Confiemos.
Confiemos tudo
desde a
indumentária que trazemos
(sem
vergonha da nudez)
aos
tesouros mais recônditos
à
inteireza da alma profunda.
Um dia
acordamos a
tempo
de sentir
a confiança
um logro.