Dou meu
peito seco
enxuto de
sangue
do sangue
penhorado
de onde não
havia serão
nos primórdios
da desrazão
no limbo
do prazer
altar das
possibilidades sem prazo.
Dou meu
peito descarnado
os véus
removidos
sem ancestrais
medos
nem comoventes
regras a esquadro
sem esperas
militantes
sob o jugo
da íris vigilante
no opúsculo
da filosofia servida.
Dou meu
peito suado
trono impecavelmente
desassisado
entre as
ondas remexidas do mar
entre estrofes
estouvadas
em telas
lisas com as cores todas
sem a
estepe da noite
num luar
medido a passo meticuloso.
Dou o
peito como ele é
cabaz ora
vazio ora imenso
viveiro de
paradoxos
dicionário
irrepreensível
olhos não
contumazes
juiz só do
peito próprio
contra prognósticos
sombrios.
Dou ao
peito
fragmentos
do mundo inesperado
nas frondosas
janelas entreabertas
no compasso
estrepitoso da manhã
em rimas desmedidas
em jogos
pueris
em sentenças
apoderadas.
E do peito
retenho
o sal
vistoso decantando ao suor
matéria sensível
rosário de
juras sem firmamento
implacável
rival dos desmerecidos
rosto aberto
ao desafio do mundo
rosácea inteira
na falésia longínqua.
Do peito
lego
talvez sem
pedido algum
um módico
de mim
a indiferença
total
o fado sem
trono
a aventura
sem freio
gastronomia
do conhecimento.
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