Sobram as
cadeiras vazias
o cheiro a
solidão
o cais sem
rasto
o navio
fantasma
as viúvas abatidas
as aranhas
teimosamente sentadas.
Num raio
de sol
o espelho mendicante
estilhaça as
núpcias recentes
e a mulher
em prantos
sem deixar
descair o rosto (porém)
eleva a mão
tumular sobre o soalheiro dia.
Favoráveis
as contas
o artesão
estonteia-se em planos audazes
na surdez
dos aforros
contra os
predicados dos peritos
apenas general
da (sua) teimosia
na fartança
de dinheiros em caixa.
O nenúfar
abriga o peixe venal
sem a estatura
de uma ponte
com a
senha improvável
nas arcadas
em ruínas sem norte
metidas em
águas arroxeadas
albergue longânime
contra tempestades.
Das teclas
do piano percutidas como veludo
desabrocham
pétalas orvalhadas
o singular
lampejo das divindades
fortuita inspiração
sem musa
ou insincero
devaneio sem paradeiro
na espera
deletéria das artes sem espera.
Sobra o
espaço vazio
o chão sem
vestígios
um deserto
de gente efémera
um lugar
incaracterístico
caudal voraz
de águas matinais
o imenso
compêndio das terras sem limite.
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