6.12.17

SOS

A combustão do dia
sentido o marejado olhar
no estuário das lágrimas secas.
A doca vazia
dita as regras do jogo:
mandamos à sorte
as flores que vêm às mãos
à espera dos juros
e de um competente júri
em adivinhava chuva congeminada.
Todos temos uma Califórnia adiada
o mapa desbotado
prantos sussurrados
prados sedentos
uma moeda atirada ao ar
à espera de um sortilégio.
Não podemos acabar o dia
sem dele sermos curador.
De nós
os férteis vales
inventores do riso desarmante
do acaso musical
dos corpos uníssonos
da noite domada
na indiscreta janela perenemente aberta
à alvorada terçada.
Pois não sabemos escrever
as palavras malditas
as palavras serôdias
as palavras contristadas.
Só sabemos escrever
as palavras
puras.

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