A
janela coberta
por
gotas de chuva
– e
de saber que cada gota
foi
arrancada ao mar vadio
sem
sequer o emagrecer.
Empresta-se
o conforto
do
avesso da janela
onde
se ouve o crestar da lareira.
Um
cão vadio,
encharcado,
segue
apressado,
talvez
na demanda de um abrigo,
não
incomodado pela chuva abundante.
Num
logradouro
que
se avista a poente
o
vento destemperado faz a curva.
É a
tempestade
que
fala pelo inverno.
Do
lado oculto do logradouro
as
convulsões do mar
em
ondas que se atropelam
sobrepostas
num
mar anomalamente cinéreo
fervendo
o rastilho da tempestade
– ou
a tempestade
que
incendeia a fúria do mar.
Não
há vivalma nas ruas
– o
selo da tempestade medonha,
como
se por decreto
recolher
obrigatório fosse ditado.
Outro
cão vadio
desafia
a chuva copiosa,
indiferente,
caucionado
pelo farto pelo.
O
entardecer antecipado
combina
com a luz desmaiada
a
tiracolo da tempestade.
Agora
as
tempestades ganharam nomes de gente.
Os
humanos
não
desaprendem de ser impostores.
Achariam
rudimentos para domar as tempestades,
emprestando-lhes
gentis nomes;
as
intempéries chacais
cuidarão
de trazer as esperanças a terra,
dissolvidas
como papel desfeito
sob
o patrocínio
da
chuva abundante.
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