4.12.17

Inaugural

Sem a aquiescência dos bravos
porventura
domadores do vento belicoso
novos impérios na embocadura da noite
em comezinhas conspirações
contra monstros não sagrados
falsos sacristães de coisa alguma.
Em sindicância desarmadilhada
intemporal perda de juízo
às mãos de escantilhões enferrujados:
adivinha-se a intempérie
no apinhado céu de nuvens sem ermo.
Todavia
às escuras
contra a tabuada das letras avisadas
vozes guturais deixam murmúrios venais
um quinhão sem posse
ou a terra em hasta sem senhorio
à espera das esperas
nua
pura.
O rendilhado das mãos
é o tear onde se cantam os desejos.
Noto com precisão
no arrotear dos pássaros no céu luminoso
e os archotes empunhados pelo sol
a espada quente que os frios corpos precisam.
Não me convençam das quimeras
nem paredes-meias com labirintos esotéricos:
a palavra-passe é nada
um tremendo, impassível nada
a franquia máxima na terra dos nadas
– a posse emudecida.
Contra os oráculos apodrecidos
tenho um sal profícuo
segredo mal guardado
(não importa)
em desarranjadas ruas à espera de história.

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