20.12.17

Elevador

A medida do vento
em espartilhos desatados
esconjura os medos beatos.
Combina com o solstício esquecido
por dentro dos dedos cansados
à espera de degraus aviltados.

Não se sabe
a não ser
o que se não sabe
– e esse é o conforto maior.

No céu
as impressões digitais dos aviões
presságio de lugares esperados
ou anúncio de lugares pretéritos.

A medida do tempo é mais fina
do que a medida do vento.

Nos folhos abertos das flores
o ar vai em busca de alimento.
Oxalá fosse tudo assim,
fácil,
como fáceis
são as faces faustas
da métrica complexa
da cornucópia de idiomas em surda fala
ou os vagares das almas apressadas
sem saberem a toma do fado seu
ou as facas esquecidas em salas labirínticas.

E nem o frio entranhado
demove a sentinela da cidade.

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