Deixo
o peito descarnado
à
luz aformoseada dos moinhos.
Num
ápice
entre
embrulhos rejeitados no restolho do natal
comprimo
os olhos cansados contra as pálpebras
e
retenho as lágrimas.
As
lágrimas,
contudo,
marejam
emoções desatadas,
os
apóstolos entronizados na lenha seca
rosnando
contra sua mofina.
Deixo
o peito descarnado
contra
vitais, impensáveis entidades alvares
que
empunham bandeiras sem cores
pedras
vulcânicas adormecidas
um
cálice de vinho podre,
já
sem serventia.
Pela
alvorada
penso
ser um pássaro que voluteia,
errante,
entre
os ventos tremeluzentes
e
as algas atiradas pela maré enxurrada.
Penso
que
não devia pensar
nas
alturas em que o pensamento
se vira contra mim.
De
que me queixo,
a
não ser de um pensamento voraz
um
pensamento foragido
um
pensamento prolixo
um
pensamento que se consome por dentro?
Os
degraus da enseada
apanham
as cores sortilégio do entardecer.
Fico
sentado nos degraus
as
folhas outonais batendo no rosto
e
as mãos frias pedem refúgio,
enquanto
as nuvens relapsas ciciam
e
os automóveis invadem a rua.
Deito
o peito
descarnado
até ao osso
e
fico à espera da noite loquaz.
Para
saber
se
são harpas que entoam músicas
sem
hidras por perto
ou
se um cais escondido sussurra ao ouvido
sobre
o lugar onde fundear os ossos cansados.
A
pele macia,
talvez,
a
prova que o peito voltou a ser um só
inteiro
e sem compunção.
O
peito descarnado é de outrora
refeito
por musa que me traz pela mão
em
doces acordes de harpas sem fingimento
em
estrofes que trazem a alvorada
e
dissolvem os lugares pretéritos,
os
lugares baços e sem espécie.
Uma
musa
em
peito abrigada
devolveu
a carne ao peito emendado.