Atirei o olhar
por cima dos montes erguidos.
Deixei-o embebido nas raízes
a saciar-se nos mananciais escondidos
das profundezas do chão.
Atirei o olhar
no jogo simples das palavras sopegas.
Deixei-o medrar
na superfície das ondas calmas
ou na profundeza de um piano gelado.
Atirei o olhar
contra as janelas encerradas
à espera que o olhar delas fosse tutor.
Sem saber,
o olhar veio de regresso
com as mãos cheias de poros aturdidos
na embriaguez de um conhecimento cheio
com anotações embaciadas nos dados jogados
tirando as cordas atadas contra paredes gastas
desgastando os ergástulos com freios
sobre o porvir.
E o olhar refez-se
por dentro das bainhas deslaçadas
reinventando tudo
no ponto de mira de um olhar
não furtivo.
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