7.10.16

Tinta invisível

No arco delgado da porta velha
os turistas apreciam o vagar.
Não interessam
os maltrapilhos nas proximidades
devolvidos ao desvalor
que dizem ser seu merecer.
Não interessam
as águas lodosas do rio que acama a paisagem.
Entrecortado o silêncio
no pesar do palavreado sem sentido
matraqueado sobre o dorso das pedras milenares
e descarregado o arsenal de fotografias
os forasteiros bebem de uma garrafa sem fundo.
Cambaleiam
ruidosos
no entardecer confuso do pensamento embaciado.
Aterram na terra-mãe.
Sobram memórias tinta invisível.
(Valem os retratos guardados
para avivar a tinta 
que deixou de ser invisível).

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