Temos
a fome da lua grande.
Apanhamos
os frutos maduros.
Bebemos
o vinho altivo em cálices finos.
Devemos
ao mapa viagens mútuas.
Retiramos
das árvores folhas caducas.
Olhamos
para o mar sem fim.
Dançamos
em singelos passos uníssonos.
Gravitamos
nas nuvens brancas.
Espalhamos
a ternura que é genética.
Somos
outono em prefácio da primavera.
Deciframos
os idiomas sombrios.
Cozinhamos
com os dedos ungidos.
Amanhecemos
no pináculo do sono sem sono.
Dizemos
as estrofes diamante.
Suplantamos
os estorvos do tempo.
Sonhamos
o chão despido sem pés.
Chamamos
os sussurros cantantes.
Vestimos
os olhos com a equação de um poema.
Juntamos
as mãos numa sentença leal.
Despimos
os medos em contos singulares.
Assinamos
o livro de ouro em linhas vazias.
Deitamos
o corpo cansado no corpo vizinho.
Exaurimos
a frágil agonia.
Dessabemos
os pretendentes a algoz.
Cantamos
a pura melodia apurada a dedo.
Somos.
Um
amor sem medida.
Um
amor levitando na aurora clara.
Um
amor saltando sobre o tempo.
Um
amor sem peias.
Um
amor.
Somos.
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