12.10.16

Monólogo

Diz
com o tracejado de um lápis
onde fruem os beijos faiança.
Diz
as coisas simples
à mercê do raiar da manhã.
Diz
como se fosse preciso dizer
os fundamentos do sol poente.
Diz
em memória com raiz
que árvores trazem sentido.
Diz
sem o torpor do tempo baço
que cordas se desamarram em altivez.
Diz
sem ter medo das palavras
que vozes se compõem na lua.
Diz
se te ocorrer dizer
os minutos sem peias no irrefreável rio.
Diz
às vozes que sussurram
que guardas na mão o segredo do sono.
Diz
qual é a fonte frondosa
de onde rebenta o manancial constante.
Diz
já sem dúvida
o lugar dessa fonte.

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