21.10.16

Frutos imorredoiros

Paga-se em juros
o apuro dos frutos caiados pelo sol. 
Consagram-se os rostos perdidos
como se fossem os heróis 
de um planalto corrosivo. 
Nada é perdido nos cestos gastos
onde os frutos se acamam. 
Nem as pequenas pedras,
despedaçadas de grandes rochas enquistadas,
choram às lágrimas vertidas em gotas de chuva
pela metade da terra lamacenta que as cobre. 
Frutos serão
até a uma reencarnação próxima
quando frutos semelhantes
vierem no viço da colheita.
Sem esquecer os braços
que resgatam os frutos
e devolvem nudez e melancolia 
às árvores. 
E diz-se
de boca em boca
que as iterações não têm fim
no desembaraço das leis sem explicação. 
Numa anestesia global
e todos maquinalmente aprendizes dos passos iguais
de um torpor sem pesares. 
Contenham-se com os frutos fulgurantes:
os que da sua apanha cuidam
e os que com eles se saciam. 
Do resto
não há preces em registo selado. 

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