1.11.16

Do manicómio

Provavelmente
a loucura batia com os dentes
e a pele anestesiada abraçava-se ao afluente.
As manhãs sem tempo
dobravam-se no xisto amparado
sem desnorte que se visse nas redondezas.
Mulheres de meia idade
estendiam a roupa na varanda
enquanto um talvez ministro passava
estrepitoso
com a demais comitiva ruidosa
e um gato imperturbável dormia no parapeito.
Sentado,
sem pressa,
lia o jornal com vagar.
Amanhã seriam notícias iguais.
A repetição da loucura sem rosto.
Da loucura que ninguém repara.

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