A
gravata apertada
abre
a janela de um bojador velho
adiantando
uns trocos para o futuro.
Bebem
estorninhos cansados
boas
águas vertidas da chuva
batendo
as asas entorpecidas.
Chamam
pela folhagem tardia
ciosos
da chuva à espera
ciumentos
de um inverno ausente.
Ditosos
os bancos de jardim cansados
descendo
na alma enfurecida
dádivas
inesperadas.
Enquanto
as paredes se consomem
esperando
pelo lamento insaciável
entardecem
as luzes coagidas pelos olhos.
Fermentam-se
as avenidas corrompidas
fartas
de palavras inoportunas
festejando
os beijos oferecidos.
Gastam
o zelo todo no umbral da noite
gota
a gota
gabando
proezas deitadas em braços alheios.
Horas
sem sono
heras
secas
homens
exauridos sem fiador nem herdeiros.
Ilhas
intempestivas na embocadura do rio
irrompem
do nevoeiro poltrão
irradiam
sorrisos escondidos nos contratempos.
Jogam-se
dados ao acaso
jurando
as profecias sem estatuto
junto
com as lombadas frias de livros mudos.
Lembram-se
os amantes dos relógios
lançando
os lençóis desatados em vulcões
lentamente,
pelas alvoradas despovoadas.
Marejados
os olhos soturnos
mentindo
às mentiras mordazes
meãs
personagens que desaprova o palco quente.
Ninguém
escolhe uma sepultura
nas
dobras do tempo que se adia
navegando
águas sedosas em caudais aplanados.
Oxalá
sejam os senhores altivos
orquestradores
de fatiotas ilustres
orvalho
seco que refresca as folhas caducas.
Porque
já não fazem sentido as perguntas
perdidas
entre as sombras ausentes
pergaminhos em garrafas perdidas no mar.
Querem
dar as mãos, num desafio aos perdedores,
quando
as asas de um abutre se depõem no céu
quimera
da solidão esventrada.
Rezam
as viúvas contra os altares despedaçados
ratificando
as preces vertidas nos salmos
rasurando
as trevas dos descrentes.
Sozinhos
estes, contra a sua incredulidade
soerguem
os corpos em hedonismo reincidente
sorvendo
a seiva toda do tempo farsante.
Tudo
se compõe na pauta desalinhada
traduzindo
as palavras inócuas
trazendo
das trevas o escantilhão desejado.
Ulteriores
movimentos da alma confirmam
ufanas
almas em perdição
ultimando
os lacres do púlpito inviável.
Vergado
pelo ocaso das aves viajantes
validam-se
as portas ruinosas da barbárie
viradas
contra a aurora escura.
Xaile
fino cobre os corpos exaustos
xadrez
jogado contra os costumes alindados
xistoso
leito onde se deitam as feridas almas.
Zelotes
abraçados a metáforas
zurzem
os desapoderados dos deuses
zangados
com o despautério dos indigentes.
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