18.11.16

Cavalo versus rio

O rapaz cavalga no dorso do cavalo
sem medo do rio caudaloso que lhes é paralelo.
A correria
(dir-se-ia)
é contra o rio:
o rapaz a repousa o olhar nas águas paralelas.
Se alguém perguntasse ao rapaz
que serventia era a de tamanha correria
– se houvesse mister de não interromper
a cavalgada desenfreada
e o rosto iracundo do rapaz
– quem sabe
o rapaz retorquiria:
a loucura de um crepúsculo sem aviso
era a corda toda às patas musculadas do animal.
O rapaz
desferindo golpes frenéticos com as esporas
imprimia no cavalo a fúria sua
e o cavalo,
contagiado,
transpirando baba pela boca entreaberta
disparando o coração contra as costelas
de olhos vidrados no concorrente caudal do rio,
aplacava a ira boçal do rapaz.

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