29.11.16

Nortada

Persiga-me o vento
se não souber dizer as palavras
que molham a boca nas casas doces.

Procure-me o vento
se não deixar vir às mãos
o soldo alto fermentado nos castelos.

Assalte-me o vento
se não arranjar método ciente
entre as flores deixadas na jarra partida.

Beije-me o vento
se não encontrar os sedimentos álgidos
que temperam o fogo da terra.

Agrida-me o vento
se insistir na loucura e perder de mão
os véus esbranquiçados que tudo clareiam.

Elogie-me o vento
se souber ser algoz da destemperança
trazendo da maré os seixos sortilégio.

Componha-me o vento
poemas malditos em incapaz distopia
desfazendo a demência inteira.

Desarranje-me o vento
ideias que adulteram a simplicidade
se não for tutor da alvorada desembaciada.

Apanhe-me o vento
entre suas mãos protetoras
e leve-me por entre as nuvens prometidas.

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