Ao correr da escrita
sem interrupções nem arestas vivas
o dédalo instruído para acolher as palavras
e o teatro composto com o silêncio apessoado.
Aviva-se a centelha furtiva
por sua vez esbulhada ao sótão do futuro
em vez
de se desembaraçar dos empoeirados vultos
dos latidos em rumorejo
rimando com o ribeiro que transita em contramão
ao vê-lo através do retrovisor,
parado sobre a ponte arcaica.
Tudo se basta num instante.
Tudo se resume à lágrima enxuta
pela mão providencial
a mesma mão que foi ao mar
e trouxe a maré composta
ou uma amostra da maresia olvidada,
ou então,
um grama de sal contendo um litro de lágrimas.
Não sei se chegam as palavras bolçadas
os lírios decadentes ainda coloridos
os braços inertes e o corpo pusilânime
a cama desfeita na emancipação do sono,
as palavras desarranjadas no papel amarrotado
a voragem das ideias
que parecem um curto-circuito;
há vozes obscuras
vozes sem correspondência de rosto
ou sequer de vulto
que segredam
incessantemente
que sim.
E eu chego
com o que me dizem que chega.
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