Primeiro ato
I
Raça tresmalhada
no casino dos loucos
em mesas dardejadas por balas perdidas.
II
Em contratos selados
os mastins açaimados e seus donos
com os dentes cariados na ufana pose iracunda.
III
Sem saberem o devaneio
os impecáveis sacerdotes conversam
no pulcro, acetinado balcão das virtudes.
IV
A rapariga tímida
não se intimida com os beócios ululantes
em vampíricos dizeres de sua tóxica condição.
V
O desarranjo do sono
não culpa a lua acesa
a não ser que haja lobos por perto.
VI
O homem passeava o kilt escocês
sóbrio como não é consuetudinário
a caminho de uma solenidade que não confessou.
VII
O marasmo era a soma da inércia
e todos estavam contaminados pelo silêncio
em acidental peregrinação pelo vazio.
VIII
Admitidas na sociedade secreta
celebravam com diamantes vertidos no vinho
à medida que a luz se deitava nos segredos.
IX
Imaginou-se ator
perdido no palco de sua confeção
e conseguiu ver até de olhos fechados.
Segundo ato
X
Era uma amostra de enredo
e as teias sobrepostas
embaciavam o entendimento da audiência.
XI
Já não era véspera de boémia
e elas usavam aspirinas como manobra
esperando ordens para espiar em nome da pátria.
XII
As nuvens imateriais
ofereciam-se antecâmara de um limbo
mas não passava de pesadelo suado.
XIII
Perdeu-se no labirinto
e as nódoas no kilt escocês
não disfarçavam a heresia dss Guiness.
XIV
A alcateia ouvia-se ao longe
e os aldeões lacraram as portas
hibernação imperativa para silenciar os lobos.
XV
A rapariga sonha com a vingança
a liquidação de um erário descultural
no desterro dos marialvas.
XVI
Um eremita foi a tempo da dissidência
e provou o proibido alqueire
não descansando enquanto não tresmalhou outros.
XVII
Os bravos com mastins a tiracolo
imaginam-se bravos de verdadeira cepa
mas ninguém conhece uma coragem para amostra.
XVIII
Tropas nefandos
regurgitam as balas ao acaso
não contando com o efeito bumerangue.
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