Poesia renhida.
O armazém transborda
de flores caiadas.
Terás um garfo à altura
do trono que desocupaste?
O arlequim boceja
entre o aparato vicejante
da flora exemplar do jardim zoológico.
Quem se ocupa
dos encargos imorredoiros
das arcaicas tradições que pintam o céu?
Quem tem uma pista
desarmadilhada no intenso tráfego dos bichos
sem dedilhar as cicatrizes lançadas ao chão?
A espada está embainhada
e os falcões dormem no ninho improvisado.
Quem são os ascetas inverosímeis
os calçadores de ameias
os tutores da medula que não se gasta,
os poetas renhidos?
Não interessam identidades.
Os berços sem alma
valem tanto como as comendas lustrosas.
O verniz em camadas
não consegue esconder a medula em sua raiz
e os contumazes ébrios
seguem escoltados na sombra
como se se escondessem da vergonha alheia.
Transitam os vendilhões de arcada em arcada
os furtivos passos em volta
deixando escrito nas nuvens encorpadas
o veludo em que se antecipa seu nome.
O sol consequente
cuidará de revelar o avesso das nuvens
entretanto dissolvidas.
Deixar-se-ão, então,
os templos vazios
a sua coniforme base estilhaçada
pelos sismos costurados
em palavras mordazes.
As mesmas
que são servidas
na poesia renhida.
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