Um sábio aperaltado
com as cores de um sortudo
escreve o oráculo
com os dedos desenhando no ar.
Não é indiscutível:
poucos lhe conferem crédito
(e muitos mais são os que não se filiam
em sapiências entronizadas nuns,
assim autointitulados,
predestinados).
O sábio continua a desenhar o oráculo.
Em transe
sem ouvir sussurros
que sugerem certas palavras
para o oráculo
– um sábio tem de estar acima das suspeitas.
Os seguidores do sábio
não têm paciência para esperar pelo porvir.
Odeiam surpresas.
São inveterados domadores do tempo
(ou estão convencidos de sê-lo)
com a ajuda do sábio.
Quando o futuro os desautoriza
(a eles e ao sábio de que são séquito)
acusam o futuro
de não se ter sabido aconselhar
com o oráculo desenhado pelo sábio.
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