Do caminho raso
as métricas possíveis
afogadas num aguaceiro
desviam as trovoadas triviais;
as copas das árvores parecem sorvetes
mas não se armam os alçapões
sem os arneses por perto.
De caminho
o avesso amoeda-se na pele
sua tatuagem impura que se subleva
na parte de trás da catedral
enquanto os rapazotes sobem aos pedestais
em marés de estultícia.
Caminho
nas oitenta e oito teclas do piano
desenho as notas no sopé do vulcão
e deixo o peito recolher os frutos ateados
sem sair do caudal de onde sorvo as lágrimas
sem pesar na carne as legendas cegas
e à porta sentar os medos pueris.
A caminho da alvorada
levanto a âncora que arrastou o corpo
sitiado por tribunais estéreis
amarrado ao represado manto de água
como se ele próprio, o corpo,
anuísse nas comportas que largam o degelo
mudando a consoante muda
consoante o que muda no jusante.
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