23.3.23

Sideral

Em luz

insinuada

entre sombras

o exorcismo

o futuro devolvido

 

ao lugar distante.

 

A matéria

diadema embaciado

dia constante nas veias

ocaso

juro sem regra

 

a jura contumaz.

 

O rio 

dobrado sobre si

sol hirsuto do estio

o açúcar nas uvas

o vinho promitente

à sombra do descanso

as mãos vincadas

suadas

 

à espera do tempo.

 

O xisto

ao acaso atapetando o chão

orvalho nascente

e o rio

profundamente longe

contagiando

o perfume das uvas

o som do sangue

o troar do anoitecer

vago

 

o murmurar vago

e sobrante.

 

A luz

abraçada ao dia

dando ramos às árvores

tirando frutos às bocas

as bocas que se saciam

umas às outras

arrancam às raízes fundas

o mosto primacial

 

o magma centrípeto.

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