Houvesse um trunfo na manga;
mas estava calor
e não tinha mangas apostadas
e do meio de tudo
encenei o palco ruidoso
onde o silêncio subia à cena.
Houvesse um teatro por perto;
mas era um ermo
o lugar em que coabitava com o luar
e a meio da solidão
agarrei as estrelas que passavam na noite
se a noite não fosse
o lugar onde o medo se prefacia.
Houvesse um astrolábio;
mas medieval não era o tempo atolado
e a meio de um nada
arranquei uma confissão à divindade de atalaia
e dela soube que de oráculos sabe nada
de si se desmentindo
na qualidade em que se apresentava.
Houvesse um remédio à distância de uma mão;
mas a cidade era a toponímia das ausências
e por demissão dos espíritos
ficavam as maleitas à mercê da sua sorte.
Houvesse um navio sem escolta,
seus sem domador os mares atravessados;
mas as marés não estavam de modas
e no meio de mim
arranquei à força
a ilha que se instalara.
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