Podem ser janelas
puídas com o ciciar dos estorninhos
filmes a preto e branco
enxertando pétalas crepusculares
manhãs ditas
no avesso de versos angulares
um êxtase que se consome
nas ilusões em saldo.
Podem ser os braços que não capitulam
as estátuas que dormem em pé
os estereótipos deixados sem herança
as portas fechadas que saciam a indigência
os dias claros arrumados num canto da esperança
os estilos disfarçados que se ajeitam à lapela
o sono sem adiamento no palco contrafeito.
E tudo se amedronta
no leito onde se suavizam as marés
enquanto os violinos despontam na alvorada.
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