Einstürzende Neubauten, “Emanuelle”,
in https://www.youtube.com/watch?v=sG5GaXXfiHQ
Um
copo vazio
A
sombra de um gato
As
mãos deitadas no rosto
O
murmúrio do vento
Um
chapéu vermelho
Os
lábios que beijam a janela
O
cais sem navios
Um
piano à espera
A
almofada fria
Os
olhos marejados
Um
peito descarnado
Um
corpo cheio.
E as costas das mãos
que limpam as lágrimas.
As
folhas de outono em despojos
O
entardecer que se arrasta no tempo
O
mar parado
As
páginas gastas de um livro
A
chuva sem finitude
Os
caminhos pedonais, sem gente.
E os lábios quentes
que enxaguam a melancolia.
O
navio naufragado
O
prato com a comida fria
A
noite madraça
Uma
sereia pelo meio do sonho
A
música que empalidece
As
roupas ininteligíveis
A
cidade esquizofrénica
Um
avião fantasma.
E os olhos no seu avesso
lambendo as lágrimas fúteis.
Um
abraço demorado
As
palavras tangentes
O
milagre do pensamento
A
viagem purificativa
Um
ocaso sortilégio
Depois
do amanhã promitente
O
baloiço pueril
As
coisas muito sérias.
E um peito tórrido
ninho das manhãs claras.
A
parede branca
O
cavalo desembestado
Violinos
sem freio
Um
quadro espelho do olhar ardente
O
gelo em forma de trovão
O
sorriso torrencial.
E o sol que canta
à lua que espera.