O gelo senta-se na memória
converte as mãos em sílabas cortantes
e os corpos ululantes envergam
uma fala singular.
Levo o fogo perene
às costas da montanha;
não sei se é lava o hálito dos velhos
se as viúvas choram a solidão como conforto
se os cães vadios não têm fome
ou toda a roupa é inútil para abrigar o medo.
É o piano que fala agora.
Tudo o que diz é ímpar na pureza
cais que dançam em uníssono com as ondas
e um magistério de desinfluência
que assalta os viciados no poder.
Podia ser a água tépida
mesmo no meio da paisagem de gelo
a arrumar as sílabas num santuário sem morada
ou apenas eu
imerso na nudez de mim mesmo
já não contrafação de um algoz sem presa
preparado para a morada sem código postal.
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