Escrevo de trás para a frente
a desalma sem modo
que se penhora no desmedo.
O destempo não se mede
no avesso da fala
nem a mudez se compõe
numa gramática banal.
Arranjo as flores arrancadas ao crepúsculo
e noto
que o crepúsculo ficou amputado
e só lhe fica bem.
Escrevo
de trás para a frente
e não é por medo:
oxalá fossem os lutos
a muralha modesta dos farsantes
e das suas lágrimas não tresmalhadas
sobrasse
o frágil fermento dos fortes.
Sem comentários:
Enviar um comentário