26.7.21

Escrevo de trás para a frente

Escrevo de trás para a frente

a desalma sem modo

que se penhora no desmedo. 

O destempo não se mede

no avesso da fala

nem a mudez se compõe

numa gramática banal. 

Arranjo as flores arrancadas ao crepúsculo

e noto

que o crepúsculo ficou amputado

e só lhe fica bem. 

Escrevo

de trás para a frente

e não é por medo:

oxalá fossem os lutos

a muralha modesta dos farsantes

e das suas lágrimas não tresmalhadas

sobrasse 

o frágil fermento dos fortes. 

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