A cidade
joga-se contra a luz entediada.
A cidade
joga-se contra a luz
entediada.
Sente-se enteada
perdida no mapa crepuscular.
A cidade enteada
amanhece desarmada
e terça os braços
contra a maré afluente.
A cidade amuralhada
rebela-se contra os almocreves da dissidência.
Não espera nada
(a não ser
a imodesta condição
de cidade centrípeta
onde todas as pessoas encontram
estuário).
A cidade insubordinada
ferve nas jugulares exasperadas
enquanto o sangue entardece
em forma de lava.
E a cidade arruma as unhas
no espólio de quem se oferece,
acolhedora.
A cidade madrasta
deixa os moradores no oblívio.
A cidade iconoclasta dissolveu-se
no enamoramento dos forasteiros.
A cidade
é só uma manta de retalhos.
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