27.2.22

Hora adiantada

Somos

a fatura

do medo.

 

Somos 

– em terrífica dilação – 

astronautas

do desdesejo.

Párias,

amiúde,

na imunda contrafação

o leite pútrido

que nos fermenta

em sistemática negação.

Somos

pátrias gastas

funestos zeladores de nada

coldres gastos

ardendo na lava sem gasto

alpinistas a fundo

procuradores do desmedo

traduzido 

em tresloucado verbo.

 

É do medo

que levamos

esta fatura

em futura expedição

nos compêndios legados

na armadilhada faca

que desfeita o porvir.

 

Falamos

o idioma do medo

e no medo

consumidos

arrefecemos o sangue

deixamos de ser 

promessas vindouras,

murchados.

Sem comentários: