Virtudes eclipsadas:
protestava o elitista
com o consentimento
do moralista incorrigível,
que de pantanas está o mundo
e já não têm serventia
as preces encomendadas
aos druidas habituais.
O monárquico afoga-se nos prantos
enquanto emagrece no saudosismo
o boçal já não acredita
que as mulheres tenham direitos
(ou, vá lá, um leve direito ao orgasmo)
o latifundiário todavia falido
lamenta que queiram banir as touradas
o reacionário beócio levanta estandartes
contra os prevaricadores que sopram a poeira
o beato condói-se só de supor
que se fornica desalmadamente
por este mundo
dentro.
Em movimento paralelo
o ilustre intelectual força consensos
sob a capa ultrajante do único pensamento
(que jura abjurar)
o profeta de futuros apocalipses
embebeda-se
porque o mundo já devia ter acabado
o erudito continua convencido
que deve ser um pastor das iletradas massas
(cansou-se de genuflexões arcaicas)
o pastor social
dependem de um rebanho para apascentar
a ditar imperativos categóricos
enquanto enche a boca de democracia
e engana os tolos com papas
e um jovem precocemente militante
convencido que é lente dos mais velhos
arrota postas de moralidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário