O alvoroço ruge no dédalo da acalmia
desautoriza o medo que nos dizem contínuo
como se um estado permanente de intimidação
estivesse de atalaia
vigilantemente angariando a obediência.
Lá fora
gatos vadios entretêm-se na coreografia do cio
desobedecem ao humano código de conduta;
obedecem na mesma,
o seu particular código
de conduta.
Peritos que mostram as credenciais à lapela
explicam que só todos formatados por regras
não seríamos uma anomia cacofónica
se persistíssemos na ausência de códigos,
empenhados no magma animalesco
reféns da ideia
de que limítrofes são todos os demais
sem ambição de sermos alguém
por fora das nossas fronteiras
nós,
em cada individualidade concêntrica,
a granada desencavilhada no limiar
do rebentamento
aos nossos pés.
Muitas e elaboradas são as confabulações
avivadas pelo lastro do tempo
e a fonte da experiência,
provas incontestáveis de sermos
um peão dentro da colmeia.
Anestesiados
pelo saber enciclopédico
e pela humilde sujeição aos maestros
que por isso nos regem
e esmagados
pelos obscenos desexemplos contrafactuais,
os párias provam com a sua insubmissão
que são miasmas para o coletivo sobreviver:
aceitamos
os códigos
e as leis
e os regulamentos
e todas as proibições
e mandamentos inescapáveis.
Confirmando-se
o Homem é lobo de si mesmo
autodidata da autofagia
viciado numa menoridade perpétua
que o torna meão.
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